segunda-feira, 2 de abril de 2012

Rodoviários encerram greve em Niterói e municípios da Região Metropolitana - Rio - Extra Online


Estação das Barcas, em Niterói, fica superlotada na manhã desta segunda-feira por causa da greve de rodoviários. A paralisação entrou no quinto dia
Estação das Barcas, em Niterói, fica superlotada na manhã desta
segunda-feira por causa da greve de rodoviários. A paralisação
entrou no quinto dia Foto: Carlos Ivan / O Globo

RIO - Rodoviários de Niterói, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí e Tanguá decidiram encerrar na noite desta segunda-feira a greve deflagrada desde a última quinta na região. Após assembleia, motoristas e cobradores decidiram aceitar a proposta feita pelo Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj) de 10% de reajuste salarial, 25% de reajuste na cesta básica e manutenção do auxílio para compra de uniforme. A decisão será ratificada em nova audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-RJ), marcada para às 11h da terça-feira.
- A greve está encerrada. Conseguimos um acordo com o sindicato patronal e os dias de paralisação não serão cobrados - afirmou Wilson dos Santos, diretor do Sindicato dos Rodoviários de Niterói.
No início da tarde, o Departamento de Transportes Rodoviários (Detro) chegou a divulgar nota pedindo que patrões e empregados do sistema rodoviário fluminense, assim como autoridades da Justiça do Trabalho, chegassem a uma solução imediata aos impasses que vinha comprometendo, desde o dia 29 de março, o direito de ir e vir da população de municípios da Região Metropolitana do estado. Apesar de, como órgão regulamentador, não ter ingerência direta nas questões trabalhistas, o órgão disse que agiu em defesa dos usuários do transporte público intermunicipal.
“O Detro pede aos rodoviários que, nas assembleias previstas para esta segunda-feira, quando será decidida a manutenção ou suspensão do movimento grevista liderado pelos sindicatos dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Passageiros de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) e de Trabalhadores do Transporte Rodoviário de Nova Iguaçu, prevaleça o bom senso, e à Justiça do Trabalho para que exerça seu poder de forma que as cerca de 2 milhões e 300 mil pessoas que dependem do transporte público para seus deslocamentos diários nessas regiões não sejam mais prejudicadas”, diz a nota, assinada por Alcino Carvalho, presidente em exercício do Detro.
Enquanto isso, rodoviários de Nova Iguaçu e de outros cinco municípios da Baixada Fluminense decidiram, em assembleia realizada no início da noite desta segunda-feira, manter suspensa a greve até terça-feira.
Pelo terceiro dia, a greve dos rodoviários afetou a rotina dos estudantes de Niterói. Apesar de as universidade terem retomado as aulas nesta segunda-feira - depois de suspendê-las na quinta e sexta-feira - a frequência de alunos nas salas continua muito baixa. A maioria das instituições resolveu remarcar a data de provas agendadas para os últimos dias. Depois de ficar 40 minutos no ponto de ônibus esperando a condução, a estudante de arquitetura Jeane Rodrigues, de 25 anos, da Unipli, no Centro do município, resolveu voltar para casa em Icaraí, na Zona Sul da cidade:
- Acho um absurdo ficar tanto tempo no ponto. Pelo tempo de espera ja iria perder a primeira aula.
Já o estudante de direito Felipe da Cruz, de 27 anos, morador do Morro do Castro, depois de ficar uma hora esperando o ônibus decidiu pagar R$ 10 pelo serviço de um mototaxista. A tarifa normalmente sairia a R$ 2,75.
- Só aceitei pagar esse valor porque eu tinha prova. Ele me cobrou muito caro. E, para completar a desgraça, quando cheguei na faculdade descobri que a prova foi adiada - disse indignado o universitário.
Outro estudante que também viu seu esforço ser em vão foi Oscar Spitz, de 27 anos, aluno do curso de Direito da Universidade Salgado de Oliveira, morador do Ingá. Ele acordou cedo para assistir as aulas, chegou à universidade e encontrou a sala de aula a vazia. O diretor da Universo José Mocarzel Filho disse que todos os professores estão na instituição para receber os alunos. No entanto, segundo ele, o problema é a baixa frequência dos estudantes.
A greve afetou também o funcionamento das escolas de Niterói. Das 67 unidades municipais, dez não abriram as portas nesta segunda-feira devido à falta de professores, funcionários e alunos. Outras 21 escolas funcionaram parcialmente. A assessoria informa ainda que a Secretaria e a Fundação Municipal de Educação de Niterói se comprometem com a reposição do dia letivo/carga horária do aluno, de acordo com cada unidade escolar. São dez escolas fechadas e 3,5 mil alunos sem aulas na rede municipal de ensino de Niterói.
As escolas particulares também apresentaram baixa frequência de alunos nesta segunda. O Colégio Marília Mattoso, em São Domingos, registrou a falta de 15% dos estudantes. Embora não tenha feito um cálculo, o Salesianos, em Santa Rosa, confirma que também teve a frequência nas salas de aulas afetada.
Manhã foi de trânsito caótico em Niterói
O trânsito ficou caótico em Niterói na manhã desta segunda-feira, no quinto dia de greve de rodoviários. Boa parte da frota de coletivos estava circulando mas, na dúvida, muitos motoristas tiraram os carros da garagem para chegar ao trabalho no Rio e em Niterói, onde os estacionamentos ficaram lotados. Os motoristas enfrentaram congestionamentos em todas as vias de acesso à Ponte Rio-Niterói. A prefeitura liberou o tráfego nas vias exclusivas dos ônibus para a passagem de carros particulares, na tentativa de melhorar a fluidez do tráfego. O trânsito ficou complicado na Zona Sul e em todas as vias que ligam a Região Oceânica ao Centro do município. Os motoristas que saiam da Região Oceânica ainda encontravam dificuldades até a chegada à São Francisco. Quem tentava fazer o caminho de ônibus reclamava ainda que ficava uma hora aguardando a condução. Para quem seguiu de coletivo, o mesmo percurso até São Francisco, levava três horas.
O analista de sistemas Gabriel Carvalho, de 25 anos, morador de Itaipu, disse que tinha que chegar ao Centro do Rio às 10h. Ele saiu de casa às 7h, mas se atrasou. Gabriel só conseguiu chegar ao Terminal de Charitas às 9h50m.
— Normalmente, o trânsito em Niterói é complicado toda segunda-feira. Hoje, a greve de ônibus atrapalhou ainda mais a nossa vida. Fiquei uma hora esperando o ônibus que faz a integração com o Catamarã de Charitas, mas ele não passou. Por sorte, veio um outro ônibus em direção à Charitas e eu embarquei nele. Acho um absurdo demorar três horas para chegar à Charitas. Normalmente, faço o mesmo percurso com uma hora ou até uma hora e vinte minutos — reclamou Gabriel.
O deslocamento transformou-se numa verdadeira via crucis nesta segunda-feira e o tempo gasto para se chegar ao destino final chega a quadruplicar. No Terminal Rodoviário João Goulart, no Centro de Niterói, as filas são muito longas à espera de um ônibus. Morador de Santa Luzia, em São Gonçalo, porteiro Valmir Costâncio, de 49 anos, saiu de casa às 6h para ir para o trabalho em Icaraí, Niterói. Quatro horas depois, ainda estava na rua.
- Cheguei ao ponto perto de casa às 6h e só consegui pegar o ônibus às 7h40m. Fui para Alcântara e, de lá, peguei um outro ônibus aqui para Niterói. E continuo esperando um para Icaraí - contou ele, enquanto aguardava no João Goulart numa fila com cerca de 60 pessoas.
Na Ponte, de acordo com a CCR, concessionária que administra a via, o tempo de travessia no sentido Rio era de cerca de 25 minutos por volta das 8h. Houve muita confusão nos cruzamentos porque os motoristas presos nos engarrafamentos avançavam sinais e trafegavam pela contramão, sobretudo na Rua Benjamin Constant. Apesar do caos provocado pela greve dos rodoviários, não havia guardas municipais, soldados da PM e nem patrulheiros rodoviários federais nas ruas.
Na Rodovia Niterói-Manilha, o congestionamento chegou ao bairro Jardim Catarina, em São Gonçalo, distante mais de 12 quilômetros da ponte. Ao longo da rodovia, muitos motoristas, principalmente de vans, trafegavam irregularmente pelo acostamento. Muitos optaram pelas vias internas de São Gonçalo, mas não estavam conseguindo ganhar tempo porque o trânsito também era caótico devido ao excesso de carros.
O quinto dia de paralisação dos rodoviários também afetou o serviço das Barcas, que ficou com a estação Arariboia superlotada nesta manhã. De acordo com a concessionária que administra o transporte, o tempo de espera nas filas para embarcar na estação era de cerca de 20 minutos às 8h20m. Até as 10h, a empresa transportou cerca de 30 mil passageiros no trajeto Praça Araribóia-Praça Quinze. Segundo a Barcas S/A, o movimento foi 4% maior que o registrado na segunda-feira da semana passada. No trajeto Charitas-Praça Quinze, o total de usuários transportados até as 10h foi de, aproximadamente, 5.200, número 16% maior que a média da última segunda-feira, segundo a concessionária.
As linhas intermunicipais operaram com 80% dos coletivos. No entanto, em Niterói, as municipais estavam com apenas com 20% da frota nas ruas na manhã desta segunda-feira. Por volta das 10h, a circulação já era de aparente normalidade no Terminal Rodoviário João Goulart, no centro do município, dando a sensação de que a greve estava enfraquecida ou de que tivesse acabado. Segundo o Setrerj, os motoristas dos coletivos não estavam indo trabalhar nesta manhã por causa de ameaças no fim de semana.

Fonte: Extra Online

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